SER
É no junco ondulante do desenho dos teus passos
e sob a cortina meio-descida no brilho do teu olhar,
que adivinho a urgência infrene de ternos abraços,
e acorro, veloz, ao convite, no frenesi de tos dar.
Mãos nas mãos, bocas molhadas trocando segrêdos,
o apêrto côncavo dos ventres a perfumar desejo
e um surdo grito no crescente enclavinhar dos dedos,
dão vida à brusca avidez de nós e ao temor do fim do beijo.
Sufocados no manso calor dos teus e dos meus braços,
impulso da primordial vontade que temos de nos dar,
ignorando a virtude, caída no chão feita em pedaços,
é para ali que nos deixamos ir, a pouco e pouco, devagar…
sendo, então, os dois, ciosos donos do corpo do seu par…
José
Guerreiro
1 de Março de
2017
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